sábado, outubro 10, 2009

Isso é Consciência

A casa está onde deveria estar.
Eu é que estava me movendo. E um dia de não-sei-quando, comecei a me mover em círculos. A mente não está no mesmo espaço de antes. Move-se o tempo todo. Se perde. Quando se restabelece é para ver que a casa está onde deveria estar. A cama, o sono e o texto. Do texto às Palavras. Das Palavras ao Peso. Estavam em algum lugar e apenas esperavam o momento de escorrer de volta. Eu as carreguei comigo em meu movimento. Mas não cheguei a usá-las. Na verdade, as fui deixando de lado, no fundo da mala, pois não havia muito tempo e era melhor que não estivessem a vista. Melhor porquê? Não me perguntei um minuto sobre isso. Era melhor. E só.
Com o tempo tornaram-se parte do Peso a carregar. O Peso das Coisas em Desuso.
Com o tempo essa falta de prática tornou-se uma espécie de hábito e a face interminável do relógio foi virando minha guia. Um fluxo único e frontal. Sem retorno. Eu não percebia sua função. Mas percebia sua ação e aceitava. Achava que era assim que se construía uma realidade. E de fato ela se fez. A realidade onde eu me movia. A realidade onde se movem todos sendo cada um uma realidade.
Agora, quando reduzi minha velocidade, com uma freada repentina demais, vi a realidade passar por mim, vi meu corpo querendo continuar como se só existisse a possibilidade de ir, ir e ir. Para trazê-lo de volta foi preciso que freasse mil vezes. Frear em todas as camadas do meu ser. Foi singular.
Foi assim, freando mil vez, que aprendi a não me assutar com o atrito do ar em minhas mucosas da garganta, aprendi que aquilo era eu mesmo trazendo algo de fora para dentro.