domingo, fevereiro 27, 2005

Dois

Isso tudo é preguiça ou o q?
Ele pensou isso e fitava seu rosto de perto - em superclose. O rosto de um era câmera, o outro personagem. Isso era uma brincadeira íntima. Ela ria pra câmera. Ele se fingia de plástico. Na qualidade de câmera eu sou objeto e não devo demonstrar emoção - ele dizia. Você não é só uma câmera, é também quem a segura e filma, manézinho cara de toalha - ela refutava. Faz sentido - ele, liberando um muxoxo vencido.
Boa menina. Isso. Agora faz aquela pose. Que pose? - dizia a atriz ao diretor. Ora, você sabe. Levanta os braços assim... Ela se fazia de perdida. Daí o diretor disse: "bom, deixa eu largar a câmera, já vi que vou precisar te dirigir melhor nesta cena". Ficava muito evidente sua intenção abusiva. A atriz no entanto parecia estar disposta a tudo para agradar ao criador. Sorriso de lado. Ensaiando falso cinismo o diretor apalpou a carne da atriz no intensamente puro desejo de modelar a cena conforme sua necessidade. Ela se mostrou bem receptiva. Daí a pouco esqueceriam a câmera e os dois estariam imersos... na cena.

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