quarta-feira, março 02, 2005

Tio Sâni, o cara

Que tema, que tema!
Era assim que, duma forma muito própria, meu tio Sani se relacionava com a música que gostava. A beleza de tudo para ele estava no tema. A base, a base - ele argumentava e tava aí, ele tinha razão. Destrua e renasca na força do seu tema.

Abuso de capacidade!
Outro comentário muito dele. Flor de axiomas, esse Sâni, o cara. E se destrancava da entranha mental um comentário dessa natureza nem imagine o gestual que ele fazia. Econômico, só se dignava a comentar o que era bom. Não abria a boca pra coisas que não valessem realmente a pena. Com muita razão. Não desperdiçava energia e nem se fadigava com sem gracice.

Mulher!
Bastava isso. Mulher. Nesse códio mínimo de comentário havia que se parar tudo que se fazia e prestar atenção no entorno que com certeza ia aparecer ela. Abuso de capacidade! Que tema, que tema! Eram frases que usávamos fora das vistas do doido. Tínhamos medo do Sâni. Tínhamos medo de estar usando o código na hora errada. Mas vocês já perceberam que:
1. Música maravilhosa? Então é: "Que tema, que tema!"
2. Fez um ótimo trabalho? "Abuso de capacidade!"
3. Ela tá passando? "Mulher!"

Note-se. Estamos tratando de forma escrita de algo que é informação sonora. Sâni era um gênio da entonação. Um comentário do tio era feito de palavras com timbres corretos. Por exemplo: "Mulher!". Puxe o "lieeeeeeerrrr" na duração correta. Na métrica. Na métrica.

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