domingo, fevereiro 07, 2010

Eu sou a carta na garrafa

1. Já fiquei feliz só em te conhecer.
2. Só em ter visto teu sorriso naquele dia, naquela hora, pra mim já foi uma oportunidade essencial.
3. Não posso me viciar em ser um voyer.
4. Gostaria de caminhar contigo.

(Será que estou perdendo a briga? Será que minha companhia sempre será tu, o eu-que-eu-não-sou?)

O eu-que-eu-não-sou não caminha contigo, somente só e muitas vezes prefere ficar imóvel. O eu-que-eu-não-sou não cresce, se encolhe. Não aprende, repete o erro. Não fala, pensa e o que pensa é um novelo encharcado de ódio e ressentimento, sem começo nem fim. Quando lancha, não sente o gosto da comida e come para sobreviver não para sentir gostos. O eu-que-eu-não-sou não comemora; não torce, se retorce. É o feto que não nasce. A criança que não cresce mas envelhece. O herói que não luta mas sofre e perece.

O eu-que-eu-não-sou é alguém que quer a posse da minha atenção e faz de mim sua prisão maternal compulsória.

O eu-que-eu-não-sou não viaja, foge. Não revela, esconde.

Não termina pois nunca começa.

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