quarta-feira, novembro 07, 2012

34 páginas a preencher

Eu sou muito fiscal.
Um indivíduo fiscal - muito, mas muito fiscal.
Fiscal, ora!!!! Fiscal! Fiscal! Não sabe o que é fiscal?

Eu amanheço normal. Abro os olhos e fico assim: fiscal.
Não me dou comigo. Não me aturo.
Alguém me chamou a atenção pra isso. Eu preferia não beber tanto - teria sido o primeiro a notar... e a anotar. Eu tenho um pequeno livro de bolso cujas páginas são brancas. Ou melhor, as últimas 34 páginas porque as anteriores estão escritas. Por mim - claro.

Vou aderir ao contra-senso comum e vou dizer agora que meu livro (de bolso) não existe em meu bolso. Eu o guardo no cérebro. Se vejo algo anotável, anoto. Guardar um livro no cérebro é mais difícil do que parece. Em sentido prático, apesar das humildes dimensões - do meu livro, o de bolso, não dos meus miolos, os de carne -, incomoda. Sacode quando caminho. Espeta quando pulo. Não sei se notaram - não sei! -  mas livros costumam ter capas duras e pontas em ângulos retos e, dependendo da expessura do objeto em questão, isto pode causar dor porque premido contra a carne, dói. O cérebro é o tipo da carne esponjosa que odeia extremidades e guardar sólidos pontudos dentro desse maravilhoso aglomerado de carne e questões não é recomendável - nem mesmo tolerável. Mas eu guardo. Guardo por segurança, pois meu livro - de 34 páginas brancas mais 10 primeiras escritas, por mim - claro! -, está mais seguro no meio da carne das questões esponjosas, abrigada sob a caixa craniana quase calva com indícios de seborréia, que em qualquer outro canto sujo do meu rotundo planeta chamado corpo. Livros de bolso, do bolso podem cair - eu sei como é - e perder minhas anotações, sendo eu uma pessoa muito fiscal, me deixa desamparadíssimo. Vai tomar no cu. Essa expressão foi uma estratégia - e não uma atitude gratuita e arrogante como alguns leitores não-iniciados em minha escrita poderiam concluir. Mandei tomar no cu um outro pensamento que vinha durante este relatório. Atualmente, se detecto essas invasões sorrateiras, eu imediatamente corto com um "pare", "epa", "não, não e não" ou, quando o pensamento é perigoso, parto para algo mais drástico como um "vai tomar no cu". Tem funcionado. Não muito, não sempre, mas em geral corta o pensamento antes que atinja seu climax. Foi portanto uma medida profilática. E é isso, exatamente isso, o que faz de mim um indivíduo fiscal. Brilhante conclusão. Um instantinho, por favor, tenho que anotar isso.

Eu tenho 34 páginas a preencher.

5 comentários:

Brizza disse...

Gostei muito deste dtexto. Especialmente a parte do "vai tomar no cu". Genial. Parabéns!

Shirley disse...

PQP!!! Tenho que aprender a ser fiscal também!!! tenho que manda tomar no C... pensamentos chatos que me deprimem!!... Tenho muito mais que 34 páginas à preencher!! Até havia jogado fora, "meu livro de bolso"... vou pegá-lo de volta, hoje quero escrever nele... nem sei quantas páginas tem escrito!! vejo isso depois, agora tenho que escrever...
Valeu!!! Amei!! parabéns pelo belo texto!!

Shirley disse...

PQP!!! Tenho que aprender a ser fiscal também!!! tenho que manda tomar no C... pensamentos chatos que me deprimem!!... Tenho muito mais que 34 páginas à preencher!! Até havia jogado fora, "meu livro de bolso"... vou pegá-lo de volta, hoje quero escrever nele... nem sei quantas páginas tem escrito!! vejo isso depois, agora tenho que escrever...
Valeu!!! Amei!! parabéns pelo belo texto!!

Shirley disse...

PQP!!! Tenho que aprender a ser fiscal também!!! tenho que manda tomar no C... pensamentos chatos que me deprimem!!... Tenho muito mais que 34 páginas à preencher!! Até havia jogado fora, "meu livro de bolso"... vou pegá-lo de volta, hoje quero escrever nele... nem sei quantas páginas tem escrito!! vejo isso depois, agora tenho que escrever...
Valeu!!! Amei!! parabéns pelo belo texto!!

Costa Rica disse...

Adorei!!!