quarta-feira, março 10, 2004

Ode Àquela Que Parou O Trânsito

Crisântemos, dálias e antúrios florescem em teu sorriso.
Desmembrado e roto fito teu rosto.
Abençoado, abençoado, meus olhos são. Minha vista fica pura para sempre.
O sol queima com um facho dourado o capô de meu carro.
É sua aparição eterna para mim, donzela.
É sua presença única fonte de prazer para esta alma em estilhaços.
O caminhão se parte mas eu eu não perco de vista teu sorriso.
O gás mortal e o fogo lambem o asfalto mas eu eu não perco teu sorriso.
É de morte esse aroma no ar. É morte para quem quiser cheirar.
Meu corpo... quisera esquecê-lo nas ferragens e poder seguir contigo. Ah, sim. Isso é sangue. É sangue. É meu. É sim. Por isso, fico.
Cerra meus olhos Capitão mas a razão desse desastre vai... logo ali... bonita e satisfeita, sorrindo dálias e semeando corpos pelo meio-fio.
Cerra meus olhos, Capitão, já assisti a tudo. Leva meu imundo corpo que eu levo a imagem dela.
Pra onde ainda não sei.

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