segunda-feira, julho 19, 2004

Ela é de zorba e eu de duloren

Tenho usado as calcinhas dela e ela tem usado minhas cuecas.
Foi uma decisão mútua, ela insiste em dizer. Mas eu digo que não, pois fui eu que começei a porra toda. Ela diz que não tem nada a ver... e fala assim: cala essa tua boca, bobão.
O negócio é que eu já vestia as calcinhas da minha mãe aos 15 anos. Grande pra caralho. Que porra ridícula um adolescente magrelo... pq naquela época eu não tinha esse barrigão e ainda odiava cerbeja. Vai pra puta q te pariu como eu ria na frente do espelho me vendo dentro daquela barcaça de pano. Se dava dois passos pra frente a calcinha escorregava pelos cambitos... então, pra manter a bicha no corpo, eu tinha que pressionar as pernas ficando mais patético ainda. Mas ela vem com esse papo e me diz sem ter provas que à noite quando havia sono no quarto dos pais ela ia até a área onde se se penduravam as roupas e de lá tirava cuecas. Fez isso numa época em que ainda nem tinha pentelhos. Veja só. Uma adolescente magrela vestindo as cuecas do pai. Isso tudo são lembranças - tendo provas ou não. A prova do passado pode ser o que se faz no presente? Vá lá q seja... mas também cagamos e andamos pra isso. Ela veste zorba e eu visto duloren e até hoje ninguém sabia disso. Parece uma coisa infantil... e É!!! Íamos nas situações sociais, muitas vezes ela na frente e eu logo atrás. Apertando as mãos dos convivas e dando tapinhas nas costas. "Oi tudo bem?" Distribuindo beijinhos nas bochechas e falando coisas legais. Ninguém suspeitava até então da nossa pegadinha covarde. Pros convivas devia ser muito do nada que batíamos altas risadas no meio da festa com todos os parvos olhando pras nossas caras. Caras de pau nossa. Caras de cu deles. Eu ria de chorar e ela de soluçar. Existem mulheres que quando perdem o controle do riso começam a mandar uns soluços nada a ver. Puta q eu ria ainda mais. O hábito virou mania e não tinha festa, reuniãozinha, encontro e/ou programa que não fossemos trocados de sexo por dentro. O constrangimento dos outros era cada vez maior... pior, eu diria. Começaram a achar que éramos doidos... não sei... só sei que paramos de ser convidados pros convescotes e até mesmo para casamentos e enterros... e, quando, depois perguntávamos "pq não nos chamou?", o fulano ou fulana dizia "puxa, esquecimento, desculpe". Era coincidência demais ver que tanta gente nos "esquecia". Mas, também, olha, não conseguimos mais mudar esta mania. Eu acho calcinhas bem bacanas e tenho procurado estudar os tecidos. Ela idem. Outro dia na loja americana ela viu uma cueca que nela ficou muito linda. Dessas meio enormes que lembram as calcinhas da mamãe. Fomos no provador da LA e ela me disse: "nossa como é confortável esse modelo". "E fica bem em vc" completei. "Mas e vc? Não vai levar nada?" "Pô... Não vi nenhum modelo da cor que eu queria". Mas por intermédio da minha parceira levei uma vermelha furadinha muito bonita... Meio apertada e escandalosa mas ela gostou. Pois bem, amigos, desculpem as risadas que demos em suas festas sem vcs saberem por quê. Foi uma coisa covarde, reconhecemos. Sabemos que vcs vão compreender a situação. Do mesmo modo gostaríamos de convidá-los para uma reuniãozinha, encontro, programinha, convescote em nosso lar. Será um prazer vê-los em nosso apê, de novo após tanto tempo afastados. Para evitar constrangimentos não vamos usar nada por dentro. Até mais. Beijos.

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